I do believe

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Deu vontade de sambar


"A tristeza é senhora, desde que o samba é samba é assim"
(Caetano Veloso)


Deu vontade de bater à sua porta e fingir que por algum motivo em algum momento você iria me atender. Deu vontade de ficar na chuva e deixar ela molhar meu corpo até lavar e levar minha alma a caminhos e destinos mais leves. Deu vontade de me perdoar pelos erros que nós cometemos. Deu vontade de te perdoar pelas vezes que você não veio, e por todas as vezes que me fez chorar. Deu vontade de voltar ao tempo nas vezes em que você veio. Deu vontade de desistir de qualquer outro amor, fazer greve , até que o mundo desse voltas e fizesse a gente se reencontrar. O mundo dá voltas, mas volta. E eu sempre volto para esse sentimento inacabado que você me deixou. Deu vontade de não sentir mais essa vontade de matar a sua saudade que insiste em me invadir. Deu vontade de da murrinhos em voce, só para vêr os outros pedirem para gente parar, deu vontade de me enfiar em qualquer lugar só para matar minha cede de te beijar. De vontade do nosso aconchego, de fazer de ti meu samba-enredo, para o nosso amor na avenida desfilar. Deu vontade de sambar até o amor voltar. Deu vontade de te abraçar apertado, de ouvir a sua voz, de sentir o teu cheiro, de ouvir você reclamar de algo que não tem solução. Deu vontade de você. Deu vontade do que eu não posso ter. Ouço meu coração suspirar e procurar de novo um lugar no meu peito ao encarar que o bom da vontade é que ela dá e passa. Sempre passa.

"Não, eu não sambo mais em vão, o meu samba tem cordão, o meu bloco tem sem ter e, ainda assim, sambo bem à dois por mim"
(Marcelo Camelo)

domingo, 12 de dezembro de 2010

Finais.

Perdi as contas de quantos textos,músicas, poemas e frases feitas eu fiz pra você. Tentei alcançar o máximo de um final feliz, mais em meio a tantas tentativas de finais felizes, quem acabou se perdendo em um final foi eu.
Sempre leio aquela mensagem no meu telefone de você acabando tudo comigo, destruindo cada parede e estrutura, de algo que um dia pôde se chamar de coração.
Meu gostar de você é tão forte que se tornou amor, mais um amor sozinho. Na verdade nem sei se posso o chamar de amor, pois de que vale um amor sozinho? Um sentimento tão bonito sem receber o mesmo amor que doa.
Leio e volto a ler sua mensagem, e imagino milhões de finais, quem sabe você dizendo que era brincadeira e que tudo não passou de um engano. Faço isso todos os dias mesmo sabendo qual é o final da mensagem, e sabendo que nossa breve historia esteve em um final, final no qual você pôs.
A embalagem do meu coração continua lacrada, esperando que algum dia você volte. Mesmo com todas essas paredes demolidas, e estruturas talvez inconsertáveis,estarei te esperando, pois o perdão é a continuidade do amor, e sem amor jamais haverá perdão...
Mas se acaso ter plena convicção de que não irá mais voltar, se afaste. Pois essa historia de ficar por perto sempre doeu mais do que qualquer tipo de final.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Meu ultimo romance.


Eu encontrei quando não quis mais procurar o meu amor... (Los Hermanos)

Eu chorava dores de outros amores, e sempre fingia que não queria mais encontrar minha felicidade. Felicidade que por tempo se fez presente em meio as minhas manhãs , e eu não vi, tal felicidade que eu preferi não agarrar,pois sei bem que tudo sempre escorre entre os dedos depois.

Parei de pensar no que não podia ser e resolvir pensar em você e no que iria ser, pensar num jeito de te levar. A qualquer lugar que você queira...
E ir onde o vento for, que pra nós dois sair de casa já é se aventurar.

Deixei em uma daquelas tardes o primeiro beijo acontecer, foi improvisado, tinha ate plateia em meio a tantos carros.

Te juro, foi engraçado. Essa historia não durou mais que meses. Éramos jovens, não sabíamos amar, ou sabíamos e não colocávamos em pratica.Hoje estamos maduros, ou não, mais te vejo diferente, quem sabe não há mais tanto medo de voar , e o que passou ficou no ontem, e agora buscamos novas historias.

Buscamos novos agoras. Pois falar doque foi não vai nos livrar de viver.

Mas não vá ser perde de mim, sempre estarei por ai, por esses mares que andei.

Talvez você me siga, e te seguirei.


O amor na pratica é sempre ao contrario. ( Cazuza )


terça-feira, 2 de novembro de 2010

Como esquecer ?

_Eu queria que nós pudéssemos ser amigos...

_Engraçado. É a última coisa que eu quero"


Ainda que em dias sem tempo quem sempre arranja tempo para aparecer é ela, a saudade. Em meio a corridas para cumprir horários, leituras dinâmicas para entregar tudo no prazo ela sempre chega trazendo a presença de dias que não voltam. A ciência avança e inventam solução para tudo ou quase tudo, mas ainda não tem um jeito de se voltar de fato ao passado e de se reviver nem que seja por um instante algum momento feliz. Eu trocaria qualquer dia do futuro por um minuto de novo ao lado de quem me rouba os pensamentos. Também não há nada que tenha sido inventado que nos faça viver no presente, estamos sempre presos em um tempo que não é o agora. Estamos no passado, na lembrança feliz, na tristeza ainda não superada ou esperançosos pelo futuro no qual tudo voltará a ser como no passado ou tudo será diferente do presente. Estamos até mesmo no futuro mais próximo aguardando o relógio marcar o fim do horario do colégio para poder ser feliz na volta ao lar ou para aproveitar o fim de semana com os amigos. Nunca estamos no presente nem que seja desejando nunca esquecer o que se vive agora. Algumas vezes a gente queria mudar aquele momento em que tudo mudou, repetir aquele abraço, retribuir aquele beijo, dizer que amava e não sabia, dizer que sabia ou até dizer que amava e sabia, mas temia. Outro dia eu pedi que ela voltasse e durante mais um compromisso eu a vi de novo, à minha frente, linda. Era ela, era eu, o tempo mesmo que por um instante a trouxe de volta. Mas aos nos olharmos, surpresos, mesmo que por segundos reconhecemos que a gente não mais se reconhecia. Era ela hoje, era eu hoje, e o que vivemos já estava no ontem, não éramos mais como antes e não adianta a gente voltar, pois oque havia já não tinha volta. O amor é como o sono em noite de insônia, se você não está atento e sonha junto no exato momento em que ele chega o tempo passa. Do mesmo jeito se você não está atento no momento em que alguém chega o tempo passa e te resta a solidão. Então se tem que aceitar que o lugar dos amores que não deram certo é na lembrança e não no futuro. Não na lembrança amarga das culpas e dos erros, mas na lembrança doce de quem te deu momentos felizes. E as lembranças acolhem o que chega ao fim no amor, pois o que termina no amor é o relacionamento e não o sentimento. A relação pode durar dias, meses ou anos e um dia acabar, mas o sentimento pode permanecer para sempre, um , doís , três, quatro ou dez anos.. Pode se continuar amando, mesmo sem mais ter, ver, ouvir, mas ainda se sentir. A lua minguante tímida intimida a confessar esse amor crescente que deixa a alma cheia de vontade de te ter na novo, quem sabe uma nova vida que a gente teria se no céu alguma estrela cadente pudesse mesmo sonhos realizar. Então, lua, eu te digo que você estava sobre nós quando por segundos nós dois nos vimos de novo testemunhando que eu não mais vejo, não mais ouço, mas ainda sinto e amo, e no dia seguinte - e em todos os que se seguiram - chega a saudade, que tantas vezes é o sobrenome do amor, para me dar de volta o nosso tempo. Assim, confesso, sim, ainda quero você como o tempo não quer nada além de ser eterno. E eu sigo pensando em como seria se você estivesse aqui ou quem sabe se eu estivesse aí.

"Algumas histórias de amor são curtas como um conto, mas não deixam de ser histórias de amor"

quinta-feira, 25 de março de 2010

A força das palavras

Palavras assustam mais do que fatos: às vezes é assim.Descobri isso quando as pessoas discutiam e lançavam palavras como dardos sobre a mesa de jantar. Nesta época, meus olhos mal alcançavam o tampo da mesa e o mundo dos adultos me parecia fascinante. O meu era demais limitado por horários que tinham de ser obedecidos ( por que criança tinha que dormir tão cedo ? ), regras chatas (por que não correr descalça na chuva, por que não botar os pés em cima do sofá, por quê, por quê, por quê...? ), e a escola era um fardo ( seria tão mais divertido ficar lendo debaixo das árvores no jardim de casa...).Mas, em compensação, na escola também se brincava com palavras: lá, como em casa, havia livros, e neles as palavras eram caramelos saborosos ou pedrinhas coloridas que a gente colecionava, olhava contra luz, revirava no céu da boca...E às vezes cuspia na cara de alguém de propósito, para machucar.Depois houve um tempo (hoje não mais?) em que palavras eram cortadas por reticências na tela do cinema, enquanto sobre elas se representavam cenas que, como se dizia no tempo dos pudores, fariam corar um frade de pedra.Palavras ofendem mais do que a realidade - sempre achei isso muito divertido. Palavras servem para criar mal-entendidos que magoam durante anos:- Você aquela vez disse que eu...- De jeito nenhum, eu jamais imaginei, nem de longe, dizer uma coisa dessas...- Mas você disse...- Nunca! Tenho certeza absoluta!Vivemos nesses enganos, nesses desencontros, nesse desperdício de felicidade e afeto. No sofrimento desnecessário, quando silenciamos em lugar de esclarecer. "Agora não quero falar nisso", dizemos. Mas a gente devia falar exatamente disso que nos afasta do outro. O silêncio, quando devíamos falar, ou a palavra errada, quando devíamos ter ficado quietos; instauram-se, assim, o drama da convivência e a dificuldade do amor.Sou das que optam pela palavra sempre que é possível. Olho no olho, às vezes mão na mão ou mão no ombro; vem cá, vamos conversar? Nem sempre é possível. Mas, em geral, é melhor do que o silêncio crispado e as palavras varridas para baixo do tapete.Não falo do silêncio bom em que se compartilham ternura e entendimento. Falo do mal de um silêncio ressentido em que se acumulam incompreensão e amargura - o vazio cresce e a mágoa distancia na mesma sala, na mesma cama, na mesma vida. Em parte porque nada foi dito, quando tudo precisaria ser falado, talvez até para que a gente pudesse se afastar com amizade e respeito quando ainda era tempo.Falar também é a essência da terapia; pronunciando o nome das coisas que nos feriram, ou das que nos assustam mais, de alguma forma adquirimos sobre elas um mínimo de controle. O fantasma passa a ter nome e rosto, e começamos a lidar com ele. Há estudos interessantíssimos sobre nomes atribuídos ao diabo, a enfermidades consideradas incuráveis ou altamente contagiosas: muitas vezes, em lugar das palavras exatas, usamos eufemismos para que o mal a que elas se referem não nos atinja.A palavra faz parte da nossa essência; com ela, nos acercamos do outro, nos entregamos ou nos negamos, apaziguamos, ferimos e matamos. Com a palavra, seduzimos num texto; com a palavra, liquidamos - negócios, amores. Uma palavra confere o nome ao filho que nasce e ao navio que transporta vidas ou armas."Vá", "Venha", "Fique" , "Eu vou", "Eu não sei", "Eu quero, mas não posso", "Eu não sou capaz", 'Sim, eu mereço" - dessa forma, marcamos as nossas escolhas, a derrota diante do nosso medo ou a vitória sobre o nosso susto. Viemos ao mundo para dar nomes às coisas; dessa forma nos tornamos senhores delas ou servos de quem as batizar antes de nós!